sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Para Marina, novo governo Dilma gasta 'o terceiro volume morto' de esperança no país

Para Marina, Dilma decepcionou os que esperavam "um programa de governo" ou "diretrizes claras para a solução dos problemas mais evidentes" do país / Foto: ReproduçãoA ex-senadora Marina Silva, que disputou as eleições ao Planalto no ano passado, escreveu nesta quinta-feira (8) um longo artigo com críticas ao discurso de posse e às primeiras medidas anunciadas pela presidente reeleita Dilma Rousseff (PT). No texto, ela ressalta a teoria de que Dilma cometeu estelionato eleitoral, diz que a petista se apoiou em uma retórica "vazia" e "marqueteira" em seu primeiro pronunciamento e afirma que o segundo mandato da presidente se "inicia gastando o terceiro 'volume morto' de nossa reserva de esperança".

O artigo foi publicado no site de Marina, que se prepara este ano para finalizar a criação de seu novo partido, a Rede. O título do texto, "Quem educa quem?", é uma provocação evidente com o novo "slogan" do governo, "Brasil: Pátria Educadora", anunciado por Dilma durante a cerimônia de posse, no último dia 1º. "Os indícios preocupantes que já anunciavam um segundo mandato da presidente Dilma ainda mais divorciado das necessidades reais do Brasil e do povo brasileiro, infelizmente, já estão se confirmando", diz a ex-senadora no início do texto.

"O discurso de posse, a escolha de alguns ministros, as primeiras medidas tomadas ou anunciadas, tudo transmite contradição, ausência de sentido e a noção de um grande equívoco", conclui. Para Marina, Dilma decepcionou os que esperavam "um programa de governo" ou "diretrizes claras para a solução dos problemas mais evidentes" do país. Segundo a ex-senadora, os que apostaram na petista se depararam "com uma retórica vazia, destinada a isentar-se das responsabilidades e lançar uma cortina de fumaça sobre o passado e a origem dos problemas atuais do país. Dele ficou longe a marca da estadista. (...) [Dilma] contentou-se em repetir a retórica marqueteira que a ninguém inspira segurança".


"Nenhuma palavra sobre índios ou quilombolas, nada de reforma agrária. Quando se refere a meio ambiente, usa como exemplo de sucesso de seu governo os resultados de planos feitos e implementados em gestões anteriores", diz Marina. Ela ainda critica alguns dos ministros nomeados por Dilma, como Aldo Rebelo, do PCdoB, que assumiu a pasta de Ciência e Tecnologia. "A medir pelas posições de seu ministro de Ciência e Tecnologia, que faz coro com os 'céticos' na negação do aquecimento global", diz Marina, Dilma não sinaliza na direção do avanço, mas do "duvidoso interesse em liderar o atraso, como já o fez na Rio+20".

A ex-senadora afirma ainda que a "'pátria educadora' da presidente Dilma está longe de educar pelo exemplo: os pedaços do Estado, mais uma vez, foram repartidos entre os aliados, em muito casos em prejuízo do país". "Deseduca também pela incoerência entre o que se diz para ganhar a eleição e o que se faz na hora de governar", diz a adversária da petista. "Nós, brasileiros, sempre guardamos, no fundo de nossas almas, ao menos o resquício de uma crença no futuro. O segundo mandato da presidente Dilma se inicia gastando o terceiro 'volume morto' de nossa reserva de esperança", diz Marina ao final do texto.

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