Estudo aponta que homens de até 19 anos têm 33% mais chance de ter
filhos com doenças originadas por mutações genéticas. Cientistas
acreditam que motivo esteja ligado à pouca maturidade do sistema de
produção de esperma.
As chances de uma crianças desenvolver doenças
originadas por mutações genéticas, como esquizofrenia, espinha bífida e
autismo, parecem ser significativamente maiores para filhos de pais
adolescentes, segundo um estudo realizado por pesquisadores das
universidades de Münster, na Alemanha, e Cambridge, na Inglaterra.
Essa tendência já havia sido identificada em 2007, em um estudo que
utilizou dados de cinco milhões de bebês americanos. Mas a razão para
isso era até então desconhecida.
"Estudos realizados até agora demonstraram que homens com idade
entre 20 e 35 anos têm o esperma mais saudável", explica o geneticista
da Universidade de Cambridge Peter Forster, chefe da equipe que realizou
a pesquisa.
Altas taxas de mutação
Os resultados obtidos por Forster e sua equipe são claros e
surprendentes. Afinal, acreditava-se que o material genético de homens
mais velhos aumentava o risco de certas doenças, não o de homens jovens.
"Embora estudos nos últimos anos tenham mostrado que especialmente
homens jovens transmitem doenças hereditárias a seus filhos, até agora
ninguém tinha conseguido explicar por que isso acontece. Descobrimos
agora a razão: eles simplesmente têm uma alta taxa de mutação."
Quando a célula se divide, a informação genética precisa ser
copiada. Nesse momento o DNA pode escorregar, formando uma sequência
genética mais longa ou mais curta. Dependendo das tarefas desempenhadas
pelo gene defeituoso, as consequências podem ser graves.
"A taxa de mutação ou seja, o número de cópias de DNA defeituoso é um terço mais alta em pais com menos de 20 anos do que em pais com idade entre 20 e 35 anos", explica Forster.
Juventude não é sinônimo de saúde
Assim, diferente do que se pensava até agora, genes jovens não são
sinônimo de genes saudáveis. "Uma explicação para isso pode ser o fato
de o mecanismo de produção de espermatozoides ainda não estar plenamente
ajustado no início da puberdade, o que pode causar uma série de erros",
opina Forster.
Os pesquisadores estudaram sequências genéticas específicas,
claramente passadas de pai para filho e que não podem ser alteradas por
fatores ambientais externos: os chamados microssatélites. Cerca de 24
mil amostras de DNA de pais e filhos da Europa, do Oriente Médio e da
África foram examinadas.
A equipe liderada por Forster não oferece uma explicação conclusiva
sobre as doenças genéticas. "Sempre há fatores externos que influenciam o
desenvolvimento de certas doenças, mas que não podem ser medidos.
Encontramos uma correlação significativa entre a idade dos pais e a taxa
de mutação do material genético deles, o que, naturalmente, não exclui
esses fatores."
Além disso, o cientista diz que é importante relativizar os
resultados: filhos de homens com idade entre 20 a 35 anos têm 1,5% de
chance de desenvolver uma doença originada por mutação genética. "De
acordo com as nossas medições, em crianças de pais adolescentes, este
risco é de 2%. Mas o mais importante para mim é que 98% das crianças de
pais jovens são saudáveis."
Autor: Walther, ClaraEdição: Francis França
Portal O Povo OnLine
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