Um dia depois de ter manobrado para incluir na Constituição o
financiamento de partidos por empresas, o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), afirmou na manhã desta quinta-feira (28) que um modelo
político sem doações privadas seria “praticamente impossível”. Defensor
da permissão legal para que empresas doem para campanhas políticas, ele
disse ainda que o financiamento político no Brasil “nunca foi nem nunca
será privado”. “Será público e privado”, disse, argumentando que também
são usadas dotações do Fundo Partidário.
Cunha recebeu nesta manhã a presidente da Câmara dos Deputados da
Itália, Laura Boldrini. Em recepção no salão nobre da Câmara, o
peemedebista argumentou que o sistema eleitoral atual – proporcional,
pelo qual um eleitor escolhe um candidato, mas acaba depositando um voto
também na coligação – é incompatível com o financiamento exclusivamente
público. “Se a escolha (da Câmara) tivesse sido pela lista partidária,
talvez o financiamento público tivesse vencido. Fica mais fácil o
financiamento (público) direcionado a partidos, já que não teria
campanha para cada candidato, e sim para os partidos”, declarou Cunha.
Mas, pelo sistema proporcional, o uso apenas de verba pública é
“praticamente impossível”, disse o deputado. “Com tantas candidaturas
atuais, o volume (de recursos) seria enorme. Até a própria distribuição
(do dinheiro) geraria uma crise e seria difícil chegar a um consenso”,
concluiu o peemedebista.
Fonte: Estadão Conteúdo
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