A probabilidade de o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitar as
contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff pode abrir um precedente
objetivo, do ponto de vista técnico, para que a petista responda por
irregularidades cometidas por sua gestão, como por exemplo a ações por
improbidade administrativa, crime de responsabilidade ou até um pedido
de impedimento (impeachment). A avaliação é do presidente da Comissão de
Controle Social dos Gastos Públicos da OAB-SP, Jorge Eluf Neto.
Ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, o
advogado disse que, mesmo sem conhecer todos os detalhes do processo que
será julgado pelo TCU, "aparentemente está claro que o governo incorreu
num fato grave, ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o que é
motivo para a rejeição das contas".
Jorge Eluf, que participou
da elaboração do texto da atual Constituição e é procurador aposentado,
diz que é "um fato inédito" o governo federal estar na iminência de ter
suas contas rejeitadas pelo TCU. Na sua avaliação, além da violação da
Lei de Responsabilidade Fiscal, a situação chegou a tal ponto em razão
da fragilidade política da atual gestão federal.
O advogado, que
atuou durante 20 anos no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo como
procurador da Fazenda, diz que nunca viu as contas do governo paulista
serem desaprovadas. Segundo ele, o que pode ocorrer é uma aprovação com
ressalvas. "A desaprovação de contas é mais comum na esfera municipal,
na estadual é muito difícil e na federal, se ocorrer, será a primeira
vez."
Sobre o prazo de 30 dias dado pelo Tribunal de Contas da
União para a presidente Dilma esclarecer os indícios de irregularidades
encontradas pelos técnicos dessa Corte, dentre elas as chamadas
"pedaladas fiscais", Jorge Eluf diz que essa é mais uma chance que o
Executivo terá para explicar suas contas públicas de 2014.
Após a
decisão do TCU, o relatório ainda terá de ser submetido ao Congresso
Nacional e votado no plenário da Câmara e do Senado. Há mais de dez anos
o parlamento não examina as contas votadas pelo TCU.
Estadão Conteúdo
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