domingo, 12 de junho de 2016

Em meio à polêmica, EBC poderá ser extinta pelo governo Temer

Um mês após o presidente em exercício Michel Temer tomar posse, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) se tornou um dos principais focos de disputa entre o atual governo e a presidente afastada Dilma Rousseff. O embate chegou ao ponto de integrantes do PMDB no Palácio do Planalto pregarem abertamente o fim da estatal criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007 que hoje tem mais de 2.600 funcionários.

A empresa vive uma situação de duplo comando desde a semana passada, quando o Supremo Tribunal Federal determinou a volta do jornalista Ricardo Melo à direção da EBC. Ele havia sido nomeado para um mandato de quatro anos por Dilma, uma semana antes do afastamento da presidente. A decisão judicial reintegra Melo ao quadro diretivo, mas não revoga a nomeação do também jornalista Laerte Rímoli, assinada por Temer.

Rímoli recebeu a empresa com déficit de R$ 94,8 milhões e dívidas de R$ 20 milhões. Ao assumir, iniciou um pente-fino no quadro de funcionários – na prática, significa identificar apadrinhados dos governos do PT em cargos como 11 gerentes de si próprios e 30 coordenadores sem subordinados. O jornalista cortou duas das oito diretorias e reduziu de 42% para 33% o porcentual de cargos ocupados por servidores de fora do quadro da EBC – a recomendação é de que o índice não passe de 30%. Também foram suspensos contratos de quase R$ 3 milhões anuais.

Mas, após reassumir o posto, Melo recontratou apadrinhados petistas exonerados por Rímoli, como a mulher de Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde do governo Dilma e atual secretário de Saúde do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). Thassia Azevedo Alves é assessora da vice-presidência da EBC em São Paulo, com salário de R$ 13,4 mil.  Melo ainda levou de volta nomes diretamente ligados ao ex-ministro da Secretaria de Comunicação Edinho Silva, como Mauro Maurici, superintendente de São Paulo cujo salário é de R$ 24,5 mil; e da superintendente do Rio, Marília Baracat.

Extinção. Melo não quis comentar a proposta de extinção da EBC, defendida por aliados próximos de Temer no Planalto, como informou o jornal O Globo ontem. Um dos entusiastas da extinção da estatal, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima classifica a empresa como “emblema do aparelhamento do PT no governo”, que só gera “desperdício de dinheiro”. Segundo Geddel, a extinção da EBC ainda não é um projeto de governo, mas de alguns integrantes da gestão Temer. Para o ministro, a empresa – responsável pela gestão de duas emissoras de TV, sete de rádio e três portais na internet – deveria acabar e ter seus servidores concursados distribuídos por outros setores.

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