O SBT e a jornalista Rachel Sheherazade,
apresentadora do "SBT Brasil", poderão responder na Justiça por
apologia ao crime. O Partido Socialismo e Liberdade (PSol) vai
formalizar no Ministério Público uma representação contra a emissora e a
âncora por causa da polêmica opinião que ela emitiu no telejornal sobre
o caso envolvendo um grupo que puniu um menor infrator no Rio de
Janeiro.
Na
noite última sexta-feira (31), um adolescente foi espancado e preso nu
pelo pescoço a um poste através uma trava de bicicleta por três homens
no Aterro do Flamengo, na Zona Sul da capital fluminense. O jovem é
acusado de praticar roubos e furtos na região. Ele só foi libertado
depois que uma moradora do bairro chamou os bombeiros.
Com
a notícia, Rachel Sheherazade, que ficou conhecida por causa de suas
opiniões fortes, deu o seu parecer sobre o fato, na edição de
terça-feira (4) do "SBT Brasil".
"O
marginalzinho amarrado ao poste era tão inocente que, ao invés de
prestar queixa contra seus agressores, preferiu fugir antes que ele
mesmo acabasse preso. É que a ficha do sujeito está mais suja do que pau
de galinheiro", disse a jornalista.
"No
país que ostenta incríveis 26 assassinatos a cada 100 mil habitantes,
que arquiva mais de 80% de inquéritos de homicídio e sofre de violência
endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível. O Estado é
omisso, a polícia é desmoralizada, a Justiça é falha. O que resta ao
cidadão de bem que, ainda por cima, foi desarmado? Se defender, é
claro", continuou.
"O
contra-ataque aos bandidos é o que chamo de legítima defesa coletiva de
uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite. E,
aos defensores dos Direitos Humanos, que se apiedaram do marginalzinho
preso ao poste, eu lanço uma campanha: faça um favor ao Brasil, adote um
bandido", encerrou Rachel.
Para
o líder do PSol na Câmara dos Deputados, Ivan Valente (SP), o SBT e a
jornalista fizeram apologia ao crime em horário nobre. "Defendo total
liberdade de imprensa, mas não a liberdade para mandar torturar, matar,
assassinar e fazer justiça com as próprias mãos", opinou o político em
nota divulgada à imprensa.
"Ser
anticonstitucional, ilegal e aplaudida, para quê? Atrás do ibope, atrás
do medo da população, da marginalidade, atrás daquilo que não se
investe em saúde, em educação, em mobilidade urbana, em resposta à
pobreza que está aí", concluiu.
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