Governistas e oposicionistas negaram nesta quinta-feira (6) que
tenham entrado em acordo ontem (5) sobre quem seriam os convocados para
depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras.
Embora houvesse uma chamada pauta-bomba na comissão, com requerimentos
de convocação de tesoureiros e membros de partidos políticos, os
parlamentares acabaram apreciando apenas requerimentos para convocação
de empresários e pessoas menos conhecidas, apontados pela Polícia
Federal no esquema de corrupção da Operação Lava Jato.
Ontem, o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), chegou a
declarar, após reunião a portas fechadas com os líderes partidários, que
eles tinham feito um acordo para não chamar “políticos” para depor, em
razão do pouco tempo que resta para a CPMI. Hoje, os partidos de
oposição divulgaram nota negando tal acordo.
Os líderes dos partidos de oposição (PSDB, DEM, SDD e PPS) "rechaçam
veementemente o suposto acordo anunciado ontem pelo relator da CMPI da
Petrobrás", deputado Marco Maia. Do mesmo modo, o deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP) classifica como “vergonhosa” a citação de seu nome
como partícipe de um acordo para proteger quem quer que seja, e nega
qualquer articulação para beneficiar agentes políticos, de acordo com
nota assinada pelos líderes dos quatro partidos.
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), também
divulgou nota negando que seu partido tenha feito acordo para evitar que
a CPMI investigue determinadas pessoas. “O PSDB não pactua com qualquer
tipo de acordo que impeça o avanço das investigações da CPMI da
Petrobras. Lutamos pela instalação da CPMI. Temos de ir a fundo na
apuração do chamado 'Petrolão' e na responsabilização de todos que
cometeram eventuais crimes, independentemente da filiação partidária.
Esta é a posição inarredável do PSDB”, diz a nota.
“O que nós acordamos era aquilo que era possível ser realizado de
oitivas até o final da CPMI. Não há, em absoluto, nenhum entendimento,
nenhum acordo em relação à votação do relatório, nem para inocentar
alguém, nem para deixar de investigar aquele político, aquele partido, o
que quer que seja”, disse Maia.
Ele admitiu, no entanto, que os líderes optaram por deixar para a
próxima semana a apreciação dos requerimentos que tratam da convocação
do empresário Leonardo Meireles, do diretor Renato Duque e do
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, porque esses eram “nomes
polêmicos”. Além disso, Marco Maia reiterou que houve opção pela não
convocação de políticos citados na delação premiada do doleiro Alberto
Youssef e do ex-diretor Paulo Roberto Costa.
“Alguém me perguntou se políticos seriam chamados, e eu disse que
não, porque não há prazo e porque políticos foram citados em delação
premiada. Enquanto nós não tivermos acesso à delação premiada, nós não
podemos saber como essas pessoas foram citadas, do que elas são
efetivamente acusadas”, disse Maia.
Os membros da CPMI da Petrobras se reúnem novamente, na próxima
terça-feira (11), e podem votar novos requerimentos para depoimentos ou
para quebras de sigilos de empreiteiras citadas pelos delatores como
pagadoras de propinas a partidos políticos, por meio de contratos com a
companhia.
Da Agência Brasil
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