O Rio Grande do Norte diminuiu as exportações para a Europa e Estados
Unidos em 2014 em comparação com 2013. Por outro lado, aumentou as
vendas para países da América do Sul. A informação é do Centro
Internacional de Negócios (CIN), da Federação da Indústria do Rio Grande
do Norte (Fiern).
Mesmo com a redução de 3,2% em 2014, 43,6% das vendas de produtos
potiguares para outros países foram para integrantes da União Europeia. A
Holanda, Espanha e Reino Unido são respectivamente os principais
compradores de frutas frescas, castanha de caju, peixe e granito do Rio
Grande do Norte.
Para se ter ideia, da diminuição de compras dos europeus, só em
exportações para a Holanda, houve uma redução de 8%. O
principal país consumidor dos produtos potiguares na Europa, também é um
dos maiores distribuidores para os vizinhos.
Na ótica do professor de Economia da UFRN, Zivanilson Silva, a crise
da dívida soberana é uma das explicações para essa redução. Essa crise
teve seu pico em 2012, quando vários países como Grécia, Espanha e
Chipre tiveram que pedir ajuda financeira ao Banco Central Europeu para
tentar se livrar das conseqüências de outra crise de quatro anos atrás.
“A Europa, em particular, ainda passa por reverberações da crise
financeira de 2008″, disse. Com a economia retraída internamente, os
produtos importados são naturalmente preteridos.
Para o presidente da Fiern, Amaro Sales, o que ocorreu foi um
movimento natural de mercado. “A mudança de mercado é decorrente da
disponibilidade dos clientes e das oportunidades que surgiram”, disse em
relação ao crescimento de exportações para os países latino-americanos.
Os Estados Unidos, país que sozinho é o maior importador do Rio
Grande do Norte, tem comprou 19,4% menos dos potiguares em 2014 se
comparado com 2013. Ainda segundo o economista Zivanilson Silva, isso
ocorreu porque o maior país do mundo também está passando por uma fase
muito inicial da recuperação econômica. A pauta de exportação para a
terra do tio Sam também não muda muito: peixes, castanha de caju,
lagosta, chiclete e balas.
Mas nada como descobrir alternativas em meio a crises. O lado do bom
das exportações das em 2014 foi o crescimento das exportações para os
países da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi): 112,6%. O
volume de exportações em 2013 era muito pequeno, no entanto, além do
próprio crescimento, esse número representa a abertura desse mercado.
Fazem parte dessa associação Argentina, Brasil, Uruguaia, México,
Bolívia, Venezuela, Cuba, Peru, Paraguai, Equador, Colômbia, Chile e
Panamá.Tecidos de algodão e chapas plásticas foram os principais
produtos exportados para os nossos vizinhos em 2014 segundo o CIN da
Fiern.
A China também teve destaque nas nossas relações comerciais no ano
que passou. Houve um crescimento de 94% nas exportações do Rio Grande do
Norte para uma das maiores economia do oriente. Os chineses compraram
basicamente nosso minério, principalmente tungstênio, mármores, granitos
e ferro. Em contrapartida, eles enviam de volta produto com valor
agregado – mais caro. Com a venda de equipamentos industriais, a China
também é principal país do qual o RN importa, vendendo 36% do que
compramos do exterior.
Esse mapeamento mostra o quanto nossa economia não mudou de
características, exportando comodities – produtos com pouco valor
agregado – e importando produtos industrializados. “Como não temos uma
política industrial definida nacional, os governos só agem
empiricamente, ficam empurrando com a barriga”, disse o economista.
“Nos últimos 20 anos, a economia do Rio Grande do Norte vem sofrendo
reveses e mais reveses. Há 20 anos não acontece nada de novo na nossa
economia”, sentenciou o presidente da Fiern. Amaro Sales se diz animado
com o discurso do novo governador, que pretende governar em parceria com
o setor produtivo para mudar essa situação de paralisia da nossa
economia.
O Jornal de Hoje
O Jornal de Hoje
Nenhum comentário:
Postar um comentário